segunda-feira, 19 de novembro de 2007

As mãos de Edith

Eu me considerava meio órfão ou viúvo, de duas mulheres. A perda delas me aconteceu em épocas diferentes. Hoje eu descobri uma terceira, que deu sentido a tudo. Elas são: Elis Regina, Cássia Eller e à partir de hoje, a maravilhosa Edith Piaf.
Isso porque vi o filme que conta sua história. Certas coisas soam piegas. Óbvias. Mas a mulher realmente era sensacional. Num dado momento, ela saindo de uma pobreza total, num bar, perguntaram se ela estava rica, cantando. Ela rindo, já meio bebum, disse: é por amor à arte. E era.
Mas aí tem uma questão, que me fizeram outro dia: só se faz boa arte na tristeza? Eu creio que não, mas essa vem carregada de um peso realmente diferenciado. De uma entrega mais absurda e intensa. Fica impregnada do impossível. Da transubstanciação, do milagre. Da lei da superação, do que há de divino em tudo o que é humano. E olha que eu acredito que foi o homem que criou deus.
E o último elo da corrente. O filme acaba com Edith cantando Non, je ne regrete rian.
Gravada no último grande trabalho de Cássia, o disco acústico MTV. Eu quase chorei.
Bom pra ver abraçadinho com seu amor.

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